Para relançar a economia e atingir a segurança alimentar
Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural prepara implementação do Plano Nacional de Investimento Agrícola
Se tudo correr como previsto a agricultura guineense pode voltar a ser, de facto, nos próximos tempos, a força motora da economia. Para o efeito, está a ser ultimado a preparação da implementação de um Plano Nacional de Investimento Agrícola. O referido plano requer um apoio financeiro no valor de 152 mil milhões de francos CFA (cerca de 300 milhões de dólares americanos). Alguns parceiros já disponibilizaram os seus apoios.
Na entrevista que se segue o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Barros Bacar Banjai fala em “revolucionar” o sector de forma a relançar a economia e atingir a segurança alimentar. São grandes as expectativas do Governo quanto ao novo plano.
A Agricultura tem sido referida sempre como a base da economia guineense mas não tem sido rentabilizada. É desta vez que se vai fazer valer essa referência?
Barros Bacar Banjai (BBB) – O facto de estarmos a programar, de novo, a agricultura, através da política sub-regional nessa matéria que também decorre da preocupação continental dos chefes de Estados e governos, que constataram que a maioria dos nossos países depende da agricultura. Quer dizer, o nosso desenvolvimento baseia-se ou deve basear-se na agricultura. A nível da Guiné-Bissau, o nosso saudoso Amílcar Cabral, para além de ser agrónomo conhecia muito bem a nossa realidade. Sempre nos disse que a agricultura é a base da economia, e a um dado passo dizia mesmo que ela é a nossa economia. Por isso, o Programa de Investimento Agrícola já traz essa preocupação e com base no que se constatou nos estudos feitos para a sua elaboração e para a elaboração do próprio DENARP, (Documento Estratégico Nacional de Redução da Pobreza) de que o sector agro-silvo-pastoril é uma das fontes essenciais para o crescimento da economia.
Qual é, de facto, a grande ambição desse Plano?
BBB – A grande ambição é de tirar a economia da fase em que se encontra. Quer dizer, vamos arrancar para um novo paradigma em termos de abordagem da agricultura na Guiné-Bissau, tendo essa característica de que de facto é a base da nossa economia. Só para ter uma ideia, a agricultura representa 50 por cento do PIB da Guiné-Bissau. Não é só a base da economia. A agricultura é que nos pode levar à uma situação em que estaremos em condições de, com meios soberanos, atingir o nível de segurança alimentar que preconizamos.
Com que doadores se conta para a viabilização desse Plano?
BBB - Neste momento já contamos com apoios do FAO, BM, UE, BAD, BOAD, Espanha e outros parceiros multilaterais. Já avançam connosco para atingirmos o nível pretendido. Durante a mesa redonda foi assinado um pacto. Estiveram aí representantes de parceiros técnicos e financeiros da Guiné-Bissau. A Espanha é chefe de fila. O Japão, outro parceiro nesse domínio, vai este ano começar a reeditar o tal projecto KR2, através do qual vamos ter apoios em maquinarias e insumos.
Há, naturalmente, vários outros parceiros interessados em apoiar mas que esperavam que aparecesse um plano coerente de género, para que pudessem aderir. O bom desse plano é de ter indicado que há necessidade de o país passar de uma fase de execução agrícola de emergência para uma de execução mais estrutural. Pensamos que vamos ter esses parceiros ao nosso lado. Temos a própria CEDEAO que nos acompanhou todo esse tempo.
É um pacto através do qual os signatários se comprometem a apoiar o plano?
BBB - Fizemos esse pacto para evitar que depois de assinatura que as letras se tornem mortas. É um pacto de comprometimento.
Bem entendido vamos, senhor ministro, passar de uma agricultura rudimentar para uma agricultura mecanizada?
BBB – Infelizmente, a nossa agricultura tem sido isso e ocupa 80 por cento da nossa população. A agricultura que se pratica é a chamada agricultura familiar. O plano prevê um apoio substancial à agricultura familiar. Não obstante, para que possamos avançar e estar à altura do que se pretende com a modernização da agricultura há toda uma necessidade de sua mecanização. Este ano em termos de produção cerealífera houve um aumento de cerca de 15 por cento, devido à introdução, de novo, das máquinas. Alguns tractores foram introduzidos a nível de pequenos vales e fizeram com que se obtivesse esse nível de produção? E mesmo ao nível de produção hortícola, as motos cultivadoras já começaram a dar frutos. Quer dizer, passamos de uma fase em que as pessoas produzem manualmente para outra em que vamos fazer a produção com máquinas, sem deixar de fora as preocupações de que as técnicas que vamos utilizar serão amigas do ambiente. Uma agricultura de conservação, que vai permitir com que possamos produzir alimentos para o nosso consumo mas que ainda nos deixa terras e outros factores de produção para gerações vindouras.
ANG/SG